Quem não conhece uma pessoa que já tenho tido um acidente
vascular cerebral (AVC) ou um derrame?
Infelizmente, cada dia mais e mais, essas três letras estão
presentes na vida das pessoas. Para quem não sabe, o início do AVC, na maioria
das vezes, é provocado de forma abrupta ou em forma de crise de sintomas
neurológicos causados por isquemia (ausência de fluxo sanguíneo) ou hemorragia
(extravasamento de sangue) no cérebro. Entre as causas dessa catástrofe, estão:
as doenças dos vasos sanguíneos, a pressão alta, o diabetes, o rompimento de um
vaso sanguíneo no cérebro, a trombose aguda, os tumores e a embolia. Porém, seja
qual for a causa, as consequências ou sequelas se instalam sempre com muita
rapidez, provocando problemas à capacidade física e ao estado emocional do
paciente.
Quando acontece o AVC, o corpo do paciente sofre alterações
importantes, tais como: dificuldade na movimentação normal, diminuição da força
muscular e da coordenação motora, perda do equilíbrio, dificuldade para andar,
dificuldade na fala e na deglutição e falta de sensibilidade, entre outras.
Diante dessa nova situação, muitos pacientes que apresentam sequelas isolam-se
em suas casas, pois estão preocupados com a reação que outras pessoas podem ter
por causa da sua nova estética corporal.
Como primeira causa de mortalidade e incapacitação no mundo,
o AVC merece grandes esforços de prevenção e tratamento rápido. Mas como
enfrentar esse desafio? As primeiras medidas de tratamento do paciente com AVC
estão a cargo do médico, que precisa intervir imediatamente, e em caráter de
urgência, logo após o AVC.
Porém, há muito mais para se fazer depois dessa primeira
intervenção médica. O tratamento do AVC em seus estágios iniciais evoluiu de
maneira extraordinária na última década, mostrando que as lesões cerebrais
secundárias a esse evento podem não ser tão permanentes como se acreditava
anteriormente. Um curto período inicial de internação se faz necessário em
muitos dos casos, mas o paciente deve retornar ao lar o mais rapidamente
possível. Quase sempre, a essa altura, ele terá necessidade de reabilitação bem
conduzida, para evitar a instalação de graves sequelas.
A fisioterapia pode contribuir, e muito, para minimizar ou
até mesmo eliminar por completo a maioria dessas sequelas. Antes de qualquer
coisa, deve-se detetar a causa do AVC e, em seguida, começar a trabalhar na
resolução desse novo desafio. Tão logo o paciente esteja estável e ciente de
sua situação e da extensão de suas sequelas, deve-se iniciar o atendimento de
fisioterapia. O programa fisioterápico precoce, intensivo, eficaz, é sempre
necessário, importante e, principalmente, capaz de prevenir as possíveis
complicações, aumentando assim, a expectativa e a qualidade de vida do
paciente.
A reabilitação após o AVC significa ajudar o paciente a usar
plenamente toda sua capacidade, a reassumir sua vida anterior, adaptando-se à
sua atual situação. Essa reabilitação consiste na aplicação de um programa
planeado, através do qual a pessoa, no pós-AVC, ainda convalescente, mantém ou
progride para o maior grau de independência.
O fisioterapeuta começará por atividades simples de
movimentação de ambos os lados do corpo. Essa atividade inicial é muito
importante, pois só assim o paciente terá maior segurança ao tentar
movimentar-se. Serão realizados exercícios para fortalecer os músculos e também
para alongá-los, treino de equilíbrio e vários estímulos para recuperar a
sensibilidade.
Muitas das atividades iniciais, com o passar dos dias e com
a melhora do paciente, serão modificadas para um novo desafio, fazendo com que
o paciente possa progredir até sua recuperação. Um aspeto extremamente
importante é estimular o paciente a ter o máximo de independência para realizar
as suas atividades diárias, das mais simples às mais difíceis.
Outro aspeto importante a ser enfatizado é a dificuldade de
aceitação, pelo paciente e também pela família, de que o tratamento é um
processo lento e gradual de aprendizagem. Observamos também que o tempo para a
reabilitação, parcial ou total, está relacionado com a lesão, o grau das
sequelas do AVC e outros agravantes, como, por exemplo, a presença de quadro
depressivo.
Estratégias e orientações ao paciente pós-AVC:
Promover a movimentação e a reabilitação do paciente o mais
precocemente possível, logo que a situação clínica o permita.
Envolver o paciente e a família no processo de reabilitação.
Os programas de informação estruturados são, sem dúvida, uma
necessidade para os pacientes com AVC e para os seus familiares, ou seja,
quanto mais esclarecidos estiverem, melhor será a sua participação e,
consequentemente, melhor sua adesão ao tratamento e seu prognóstico. Para
finalizar, é importante lembrar que a equipe de assistência ao paciente com AVC
deve contar com médicos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, assistentes
sociais, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Só desta
maneira, teremos melhor efetividade e eficácia no tratamento pós-AVC.
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